“ A consciência do mal, quer o
que cometemos, quer o que sofremos, é como a água de um lago: enquanto a
extensão líquida que observamos nos parece, aos nossos olhos, calma e quase
imóvel, na realidade, sob a superfície agitam-se correntes que formam remoinhos
profundos e perigosos. Nunca iríeis, por vossa vontade, mergulhar num destes
remoinhos a menos que quisésseis renunciar à vossa vida… aí está, eu penso que
cada um de nós deve olhar apenas para a superfície do lago, procurando gozar da
paz que a sua aparente imobilidade nos comunica.
Sabemos muito bem que nele
existem abismos que poderiam engolir-nos, mas, para ir em frente, temos de ignorar a sua presença, embora sem os
esquecer. Água sobre água, a vida sobre a morte.”
In “Mercador de lã” – Valéria Montaldi
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